A Grande
Ilusão
Luiz Pimentel (setembro/2016)
“Ego
cogito, ergo sum” - esta afirmação do famoso filósofo francês
René Descartes, dita em 1837, em plena Idade Moderna, perseverou ao
longo dos tempos até nossos dias, mantendo a mesma força e polêmica
dos seus primeiros dias. Sem dúvidas, ainda são muitos os filósofos
e pensadores a buscarem nesta asserção o sentido correto do
pensamento original.
“Eu
penso, logo existo” traduz de imediato a ideia de alguém
profundamente perdido nas incertezas de sua própria existência;
alguém que busca extrair do nada o conteúdo que satisfaça
preencher o vazio do existencialismo inexplicado, instituindo através
da dúvida a prova do próprio ser.
René
Descartes, formado pelas melhores universidades europeias de sua
época, em Direito, Filosofia, Física e Matemática, não encontrava
argumentos convincentes, baseado em tudo que lograra aprender no
âmbito universitário, que lhe demonstrasse categoricamente a
realidade do mundo objetivo.
O
ensino das escolas, mesmo o conteúdo científico, estava fortemente
baseado em conceitos filosóficos ou religiosos, e careciam de
embasamento experimental ou empírico. Portanto, dependia de
interpretação e, por conseguinte, falseava e se perdia na
irregularidade. Por isso, René Descartes se dizia arrependido,
exceto no que se refere à matemática, de haver perdido tanto tempo
estudando coisas estereis e insustentáveis.
A
conclusão lógica de que o simples ato de pensar consistia na única
prova de sua existência, resolvia seu problema pessoal de
solipsismo.
Embora
desde os tempos de Descartes até os dias atuais a ciência haja
evoluído exponencialmente, oferecendo subsídios que certamente
poderiam resolver o dilema do famoso filósofo e cientista, mesmos
assim, não oferece para o estudioso atual, as respostas convincentes
que expliquem o mesmo impasse, quando observado sob as perspectivas
de nossa época.
Na
medida em que leis básicas da constituição da matéria, da
energia, do átomo, etc, são desvendadas e explicadas, novas
opiniões ou convicções mais abrangentes surgem, colocando em
“xeque”, novamente, a mente dos atuais cientistas e filósofos.
Aparentemente,
somos conduzidos a deduzir que, quanto mais profundo o conhecimento
das leis que regem este universo material, mais difícil se torna a
explicação objetiva de sua realidade. A ciência ortodoxa, ou
materialista, tende a desviar-se para a subjetividade, submergindo
forçosamente em novos universos sem fronteiras, onde as ideias
outrora rechaçadas pelas mentes pensantes, aparecem agora mais
atrativas e ligadas a explicações inusitadas.
O
ato de pensar – o mesmo insinuado por Descartes – se traveste de
maior objetividade. Pensar sugere o acionamento de um fluxo de
energia; algo que nos demonstra existência verdadeira e não
imaginária.
Realmente,
alguns cientistas, mesmo aqueles ortodoxos, já aceitam, e até fazem
pesquisa experimental em laboratório, sobre o fato de que o
pensamento emite ondas eletromagnéticas que são capazes de
influenciar coisas materiais. No entanto, devemos considerar que o
pensamento é o agente causador do fenômeno; aquele que determina ao
cérebro a função de gerar tais ondas magnéticas. O cérebro e as
ondas eletromagnéticas geradas, pertencem ao Universo Físico,
material, objetivo, mas o pensamento em si, está em dimensão
diferente.
O
fato de que algo que reside fora do escopo do plano material e
objetivo, possa efetivamente agir ou reagir com nossa realidade, nos
dá subsídios para estudar e meditar profundamente neste amplo campo
de pesquisa para a mente humana.
Sabemos
que este assunto, embora pareça recente conhecimento no meio
científico ortodoxo, já vem sendo estudado a milênios nas Escolas
Herméticas, ou Iniciáticas, ou de Mistérios, onde a informação
transmitida de Mestre a Discípulo, tinha origem desconhecida.
De
forma velada, conhecimentos desta natureza foram ensinados também
por outros Mestres, o que deu origem a algumas religiões, por
exemplo, Jesus Cristo, Buda, Maomé e outros. Tais ensinamentos,
embora encerrem conhecimentos elevados, são transmitidos de forma
essencialmente religiosa ou filosófica.
O
objetivo preponderante da maioria destas escolas visa esclarecer o
adepto da sua condição espiritual, isto é, o homem além da
matéria. Ensina, através do conhecimento e da experiência, que
somos vítimas da ilusão de um universo material, pois que tudo, na
verdade, é tão somente pura energia. Adverte para a realidade de
outros universos, além deste físico, que conscientizamos; da
possibilidade da imortalidade – que vai além da Lei de Conservação
da Energia; da vida espiritual; das reencarnações, etc. Explica
sobre Leis Universais que regulam todos estes universos e,
principalmente, a relação destas sobre os desígnios da humanidade.
Jesus
disse: “Nem só do pão (elementos básicos existente nos
alimentos) viverá o homem, mas de toda palavra (o verbo, a
energia vital) que procede (flui para o corpo humano) da
boca de Deus (glândula especial, responsável pela principal
captação desta energia).” - Lucas(4:4) - Extraído dos
ensinamentos de Paramahansa Yogananda.
Este
ensinamento, proferido pelo Mestre Jesus, deixa transparente a
intenção de declarar a condição espiritual do homem, pois que a
criatura humana necessita não somente do nutriente físico, como
também da Energia Cósmica Espiritual que satisfará sua condição
mística.
Esta
circunstância dual da natureza humana, salienta a interação entre
ambas e nos mostra claramente que, se existem simultaneamente, estão
submetidas a leis específicas que controlam estas relações.
Também, não necessitamos de estudos profundos para evidenciar os
respectivos e principais atributos: No homem físico, dominam os seus
cinco sentidos – audição, visão, olfato, tato e paladar – que
representam os dispositivos sensores para captação e interpretação,
no cérebro, de todo universo físico, objetivo, ao qual pertence. É
através das informações recebidas e processadas pelo cérebro que
temos consciência objetiva de tudo que nos cerca.
Quando
fazemos um breve estudo sobre cada um destes cinco sensores; da forma
como captam e transmitem as sensações recebidas do exterior, para
serem processadas no cérebro, embora cada um deles seja extremamente
indispensável para nossa vida comum, entretanto, se fizermos uma
avaliação técnica detalhada e nos eximirmos da condição de
dependência, veremos que, sem exceção, trabalham dentro de uma
restrita faixa perceptiva, filtrando por deficiência, para além e
para aquém destas faixas, uma infinidade de informações. Quando
tais informações são finalmente transmitidas para o cérebro,
temos ainda dois fatores degradantes que afetam a realidade da
informação: a integridade ou não do próprio sistema de
transmissão e a capacidade de processamento do cérebro envolvido. O
resultado deste processamento poderá ser uma má interpretação,
criando uma imagem mental ou uma sensação que não corresponde à
realidade, mas a uma grande ilusão.
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