quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A Grande Ilusão

A Grande Ilusão

por Luiz Pimentel (setembro/2016)

“Ego cogito, ergo sum” - esta afirmação do famoso filósofo francês René Descartes, dita em 1837, em plena Idade Moderna, perseverou ao longo dos tempos até nossos dias, mantendo a mesma força e polêmica dos seus primeiros dias. Sem dúvidas, ainda são muitos os filósofos e pensadores a buscarem nesta asserção o sentido correto do pensamento original.

“Eu penso, logo existo” traduz de imediato a ideia de alguém profundamente perdido nas incertezas de sua própria existência; alguém que busca extrair do nada o conteúdo que satisfaça preencher o vazio do existencialismo inexplicado, instituindo através da dúvida a prova do próprio ser.

René Descartes, formado pelas melhores universidades europeias de sua época, em Direito, Filosofia, Física e Matemática, não encontrava argumentos convincentes, baseado em tudo que lograra aprender no âmbito universitário, que lhe demonstrasse categoricamente a realidade do mundo objetivo.

O ensino das escolas, mesmo o conteúdo científico, estava fortemente baseado em conceitos filosóficos ou religiosos, e careciam de embasamento experimental ou empírico. Portanto, dependia de interpretação e, por conseguinte, falseava e se perdia na irregularidade. Por isso, René Descartes se dizia arrependido, exceto no que se refere à matemática, de haver perdido tanto tempo estudando coisas estereis e insustentáveis.

A conclusão lógica de que o simples ato de pensar consistia na única prova de sua existência, resolvia seu problema pessoal de solipsismo.

Embora desde os tempos de Descartes até os dias atuais a ciência haja evoluído exponencialmente, oferecendo subsídios que certamente poderiam resolver o dilema do famoso filósofo e cientista, mesmos assim, não oferece para o estudioso atual, as respostas convincentes que expliquem o mesmo impasse, quando observado sob as perspectivas de nossa época.

Na medida em que leis básicas da constituição da matéria, da energia, do átomo, etc, são desvendadas e explicadas, novas opiniões ou convicções mais abrangentes surgem, colocando em “xeque”, novamente, a mente dos atuais cientistas e filósofos.

Aparentemente, somos conduzidos a deduzir que, quanto mais profundo o conhecimento das leis que regem este universo material, mais difícil se torna a explicação objetiva de sua realidade. A ciência ortodoxa, ou materialista, tende a desviar-se para a subjetividade, submergindo forçosamente em novos universos sem fronteiras, onde as ideias outrora rechaçadas pelas mentes pensantes, aparecem agora mais atrativas e ligadas a explicações inusitadas.

O ato de pensar – o mesmo insinuado por Descartes – se traveste de maior objetividade. Pensar sugere o acionamento de um fluxo de energia; algo que nos demonstra existência verdadeira e não imaginária.

Realmente, alguns cientistas, mesmo aqueles ortodoxos, já aceitam, e até fazem pesquisa experimental em laboratório, sobre o fato de que o pensamento emite ondas eletromagnéticas que são capazes de influenciar coisas materiais. No entanto, devemos considerar que o pensamento é o agente causador do fenômeno; aquele que determina ao cérebro a função de gerar tais ondas magnéticas. O cérebro e as ondas eletromagnéticas geradas, pertencem ao Universo Físico, material, objetivo, mas o pensamento em si, está em dimensão diferente.

O fato de que algo que reside fora do escopo do plano material e objetivo, possa efetivamente agir ou reagir com nossa realidade, nos dá subsídios para estudar e meditar profundamente neste amplo campo de pesquisa para a mente humana.

Sabemos que este assunto, embora pareça recente conhecimento no meio científico ortodoxo, já vem sendo estudado a milênios nas Escolas Herméticas, ou Iniciáticas, ou de Mistérios, onde a informação transmitida de Mestre a Discípulo, tinha origem desconhecida.

De forma velada, conhecimentos desta natureza foram ensinados também por outros Mestres, o que deu origem a algumas religiões, por exemplo, Jesus Cristo, Buda, Maomé e outros. Tais ensinamentos, embora encerrem conhecimentos elevados, são transmitidos de forma essencialmente religiosa ou filosófica.

O objetivo preponderante da maioria destas escolas visa esclarecer o adepto da sua condição espiritual, isto é, o homem além da matéria. Ensina, através do conhecimento e da experiência, que somos vítimas da ilusão de um universo material, pois que tudo, na verdade, é tão somente pura energia. Adverte para a realidade de outros universos, além deste físico, que conscientizamos; da possibilidade da imortalidade – que vai além da Lei de Conservação da Energia; da vida espiritual; das reencarnações, etc. Explica sobre Leis Universais que regulam todos estes universos e, principalmente, a relação destas sobre os desígnios da humanidade.

Jesus disse: “Nem só do pão (elementos básicos existente nos alimentos) viverá o homem, mas de toda palavra (o verbo, a energia vital) que procede (flui para o corpo humano) da boca de Deus (glândula especial, responsável pela principal captação desta energia).” - Lucas(4:4) - Extraído dos ensinamentos de Paramahansa Yogananda.

Este ensinamento, proferido pelo Mestre Jesus, deixa transparente a intenção de declarar a condição espiritual do homem, pois que a criatura humana necessita não somente do nutriente físico, como também da Energia Cósmica Espiritual que satisfará sua condição mística.

Esta circunstância dual da natureza humana, salienta a interação entre ambas e nos mostra claramente que, se existem simultaneamente, estão submetidas a leis específicas que controlam estas relações. Também, não necessitamos de estudos profundos para evidenciar os respectivos e principais atributos: No homem físico, dominam os seus cinco sentidos – audição, visão, olfato, tato e paladar – que representam os dispositivos sensores para captação e interpretação, no cérebro, de todo universo físico, objetivo, ao qual pertence. É através das informações recebidas e processadas pelo cérebro que temos consciência objetiva de tudo que nos cerca.


Quando fazemos um breve estudo sobre cada um destes cinco sensores; da forma como captam e transmitem as sensações recebidas do exterior, para serem processadas no cérebro, embora cada um deles seja extremamente indispensável para nossa vida comum, entretanto, se fizermos uma avaliação técnica detalhada e nos eximirmos da condição de dependência, veremos que, sem exceção, trabalham dentro de uma restrita faixa perceptiva, filtrando por deficiência, para além e para aquém destas faixas, uma infinidade de informações. Quando tais informações são finalmente transmitidas para o cérebro, temos ainda dois fatores degradantes que afetam a realidade da informação: a integridade ou não do próprio sistema de transmissão e a capacidade de processamento do cérebro envolvido. O resultado deste processamento poderá ser uma má interpretação, criando uma imagem mental ou uma sensação que não corresponde à realidade, mas a uma grande ilusão.

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