Muitas
pessoas gostariam de praticar a meditação. Entretanto, com
frequência, não sabem como proceder a fim de obter os resultados
benéficos produzidos pela prática correta da meditação, ou seja,
não conhecem os procedimentos para realizá-la e, na maioria das
vezes, nem mesmo o que realmente significa.
A
intenção primária deste artigo é dividir com estas pessoas um
pouco do que conheço a respeito desta maravilhosa prática,
informando da maneira mais simples, do ponto de vista ocidental, o
processo técnico para alcançar o objetivo.
Embora
não faça parte da prática, entretanto, é sempre bom que saibamos
um pouco sobre aquilo que desejamos alcançar. Como disse acima,
procurarei manter a simplicidade no que pretendo dizer, embora este
assunto seja merecedor de estudos os mais profundos para aqueles que
pretendem obter resultados do mesmo quilate. Não significa, porém,
que a forma simples não seja um caminho adequado para iniciantes.
O
que é meditar? Muitos supõem que meditar seja o mesmo que
“concentrar”. Porém, devemos entender que “concentrar”
significa explicitamente focar a mente em um único ponto, ou
assunto. O motivo da concentração poderá ser qualquer assunto que
se apresente, na maioria das vezes, como algo perturbador ou
desafiador que requer nossa total atenção no sentido de
solucioná-lo. A meditação verdadeira requer a concentração, no
sentido de focar um único ponto, entretanto, este ponto é
exclusivamente Deus. Portanto, devemos entender que a concentração
é apenas uma ferramenta necessária para permitir a meditação.
O
objetivo da concentração, em qualquer dos casos, é a necessidade
de não ocupar a mente com algo que não seja expressamente aquilo
que desejamos como objetivo final. Nossa mente deverá se ocupar de
um único assunto por vez. Qualquer pensamento que surja
contrariamente, significa uma perturbação que certamente retirará
energia e poderá causar o fracasso do nosso propósito.
Resta
ainda dizer que não é tarefa fácil livrar-se de tais poluições.
Existem alguns métodos, baseados em exercícios de yoga, que
pretendem isolar a mente do praticante destes distúrbios, mas este
assunto está além do que se pretende neste artigo. Aos que
desejarem este algo mais, sugiro que pesquisem a respeito com maior
profundidade, dentro dos domínios da yoga, mais especificamente, da
Kriya Yoga.
As
distrações que geralmente nos causam prejuízos e atrapalham nossa
focalização são basicamente causadas pelas sensações
provenientes dos nossos sentidos físicos, ou seja, audição, visão,
tato e paladar. Cada um deles pode ser o vilão que desviará nossa
atenção para algo indesejável. Alguns iogues possuem técnicas
desenvolvidas para isolar cada um destes sensores e permanecer em
perfeito silêncio interior, obtendo assim o ambiente perfeito para a
prática da meditação profunda, que o levará aos estados mais
elevados da consciência, denominado Samadhi. Não pretendemos chegar
a tanto, pelo menos por enquanto, mas devemos lembrar que uma longa
caminhada começa com o primeiro passo. Tudo na vida e,
principalmente, assuntos desta natureza, requerem paciência,
disciplina, prática e perseverança, acima de tudo. Lembremos o que
disse Emmanuel ao discípulo Chico, quando lhe perguntou como poderia
alcançar o objetivo que lhe fora confiado; e ele lhe disse:
“Disciplina, disciplina e disciplina”.
Precisamos
também saber um pouco sobre o principal objetivo e o consequente
beneficiamento propiciado pela prática da meditação. O propósito
é, primariamente, o despertar e aprimoramento da intuição, o que é
conseguido pelo contato frequente da mente com o infinito cósmico.
Nestas oportunidades, energias proveniente de Deus, descem até o
praticante revitalizando todos os centros energéticos que dispõe o
corpo. Estes centros energéticos, também conhecidos como chakras,
são responsáveis pelos canais de comunicações do Ser Humano com
sua Alma e seu Espírito, e também pelo bom funcionamento de toda
estrutura física e emocional.
Um
saudoso Mestre nos diz a respeito: “Encerradas na prisão corporal,
a consciência da alma e a força vital identificam-se com o veículo
físico e suas limitações mortais. A meditação científica
desperta a consciência da alma nos sete centros cérebro-espinhais.
Em estado de divina reminiscência, a alma compreende intuitivamente
sua natureza e origem imortais. Os vários estados progressivos do
despertar da alma são acompanhados por uma aquisição crescente de
alegria e paz interiores. Nos estados mais elevados, alma e Espírito
voltam a unir-se em comunhão extática e bem-aventurada, ou
samadhi”.
Significa
que entre infinitos benefícios, sobrepõe-se aquele que considero
como o maior de todos, ou seja, o Ser se reconhece, beneficiado pela
intuição crescente, em sua origem divina e imortal.
Finalmente,
devemos conhecer os fatores positivos que irão, se bem praticados,
possibilitar o êxito em alcançar nosso objetivo. São eles,
principalmente, três: Postura, Posição dos olhos e Respiração.
O
preparo para a meditação requer:
Postura.
A
Postura correta é o primeiro requisito. Coluna vertebral ereta –
para evitar a contrição dos nervos espinhais. Para nós,
ocidentais, o recomendado é:
Sentar-se
em uma cadeira de espaldar reto (mas a coluna vertebral não deve
recostar-se) e sem braços;
A
planta dos pés devem apoiar-se no solo;
Coluna
ereta, abdômen recolhido, peito saliente, ombros para trás e
descontraídos, queixo paralelo ao chão;
Mãos
com as palmas voltadas para cima repousadas sobre as coxas, na junção
desta com o abdômen para evitar a inclinação do corpo para frente.
Permanecer
com o corpo estável e descontraído, inteiramente quieto, sem mover
um único músculo.
Se
houver algum incômodo, procure uma adaptação, dentro de um
critério de bom senso.
Se
possível, sente-se de frente para o Leste.
Posição
dos Olhos
Pálpebras
semicerradas ou completamente cerradas (o que melhor lhe convier)
Olhar
dirigido para cima – como se você estivesse olhando para um ponto
distante através de um orifício situado entre as duas sobrancelhas
(Ajna Chakra ou Centro da Consciência Crística). Não force a
visão para não envesgar os olhos; faça isto de forma natural.
Respiração
– como exercício preliminar.
Procure
respirar utilizando a seguinte técnica:
Inale
vagarosa e profundamente (pelas narinas) – enquanto conta de 1 a
20;
Prenda
a respiração – enquanto conta de 1 a 20;
Exale
vagarosamente (pela boca) – enquanto conta de 1 a 20;
Se
for necessário, poderá utilizar uma contagem menor, contanto que
seja a mesma para cada uma das partes.
Repita
de seis a doze vezes.
Inale
e retese todo o seu corpo e cerrando os punhos.
Relaxe
todas as partes do seu corpo de uma só vez – enquanto faz isto,
exale todo o ar dos pulmões em dupla exalação: “hah, haaaaaah”.
Repita
seis vezes.
Agora,
deixe a respiração seguir normalmente, como na respiração comum.
Após
esta sequência acima, os iogues praticantes, costumam praticar uma
série de exercícios respiratórios denominados “Técnica de
Hong-SO”, entretanto, não entraremos também neste mérito.
Lembre,
a Consciência Divina é onipresente. Utilize, a partir deste
momento, sua capacidade de visualização a fim de sintonizar sua
Consciência com a Consciência Divina, meditando em algum aspecto da
natureza infinita de Deus.