sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Prática de Meditação



Muitas pessoas gostariam de praticar a meditação. Entretanto, com frequência, não sabem como proceder a fim de obter os resultados benéficos produzidos pela prática correta da meditação, ou seja, não conhecem os procedimentos para realizá-la e, na maioria das vezes, nem mesmo o que realmente significa.

A intenção primária deste artigo é dividir com estas pessoas um pouco do que conheço a respeito desta maravilhosa prática, informando da maneira mais simples, do ponto de vista ocidental, o processo técnico para alcançar o objetivo.

Embora não faça parte da prática, entretanto, é sempre bom que saibamos um pouco sobre aquilo que desejamos alcançar. Como disse acima, procurarei manter a simplicidade no que pretendo dizer, embora este assunto seja merecedor de estudos os mais profundos para aqueles que pretendem obter resultados do mesmo quilate. Não significa, porém, que a forma simples não seja um caminho adequado para iniciantes.

O que é meditar? Muitos supõem que meditar seja o mesmo que “concentrar”. Porém, devemos entender que “concentrar” significa explicitamente focar a mente em um único ponto, ou assunto. O motivo da concentração poderá ser qualquer assunto que se apresente, na maioria das vezes, como algo perturbador ou desafiador que requer nossa total atenção no sentido de solucioná-lo. A meditação verdadeira requer a concentração, no sentido de focar um único ponto, entretanto, este ponto é exclusivamente Deus. Portanto, devemos entender que a concentração é apenas uma ferramenta necessária para permitir a meditação.

O objetivo da concentração, em qualquer dos casos, é a necessidade de não ocupar a mente com algo que não seja expressamente aquilo que desejamos como objetivo final. Nossa mente deverá se ocupar de um único assunto por vez. Qualquer pensamento que surja contrariamente, significa uma perturbação que certamente retirará energia e poderá causar o fracasso do nosso propósito.

Resta ainda dizer que não é tarefa fácil livrar-se de tais poluições. Existem alguns métodos, baseados em exercícios de yoga, que pretendem isolar a mente do praticante destes distúrbios, mas este assunto está além do que se pretende neste artigo. Aos que desejarem este algo mais, sugiro que pesquisem a respeito com maior profundidade, dentro dos domínios da yoga, mais especificamente, da Kriya Yoga.

As distrações que geralmente nos causam prejuízos e atrapalham nossa focalização são basicamente causadas pelas sensações provenientes dos nossos sentidos físicos, ou seja, audição, visão, tato e paladar. Cada um deles pode ser o vilão que desviará nossa atenção para algo indesejável. Alguns iogues possuem técnicas desenvolvidas para isolar cada um destes sensores e permanecer em perfeito silêncio interior, obtendo assim o ambiente perfeito para a prática da meditação profunda, que o levará aos estados mais elevados da consciência, denominado Samadhi. Não pretendemos chegar a tanto, pelo menos por enquanto, mas devemos lembrar que uma longa caminhada começa com o primeiro passo. Tudo na vida e, principalmente, assuntos desta natureza, requerem paciência, disciplina, prática e perseverança, acima de tudo. Lembremos o que disse Emmanuel ao discípulo Chico, quando lhe perguntou como poderia alcançar o objetivo que lhe fora confiado; e ele lhe disse: “Disciplina, disciplina e disciplina”.

Precisamos também saber um pouco sobre o principal objetivo e o consequente beneficiamento propiciado pela prática da meditação. O propósito é, primariamente, o despertar e aprimoramento da intuição, o que é conseguido pelo contato frequente da mente com o infinito cósmico. Nestas oportunidades, energias proveniente de Deus, descem até o praticante revitalizando todos os centros energéticos que dispõe o corpo. Estes centros energéticos, também conhecidos como chakras, são responsáveis pelos canais de comunicações do Ser Humano com sua Alma e seu Espírito, e também pelo bom funcionamento de toda estrutura física e emocional.

Um saudoso Mestre nos diz a respeito: “Encerradas na prisão corporal, a consciência da alma e a força vital identificam-se com o veículo físico e suas limitações mortais. A meditação científica desperta a consciência da alma nos sete centros cérebro-espinhais. Em estado de divina reminiscência, a alma compreende intuitivamente sua natureza e origem imortais. Os vários estados progressivos do despertar da alma são acompanhados por uma aquisição crescente de alegria e paz interiores. Nos estados mais elevados, alma e Espírito voltam a unir-se em comunhão extática e bem-aventurada, ou samadhi”.

Significa que entre infinitos benefícios, sobrepõe-se aquele que considero como o maior de todos, ou seja, o Ser se reconhece, beneficiado pela intuição crescente, em sua origem divina e imortal.

Finalmente, devemos conhecer os fatores positivos que irão, se bem praticados, possibilitar o êxito em alcançar nosso objetivo. São eles, principalmente, três: Postura, Posição dos olhos e Respiração.

O preparo para a meditação requer:

Postura.

A Postura correta é o primeiro requisito. Coluna vertebral ereta – para evitar a contrição dos nervos espinhais. Para nós, ocidentais, o recomendado é:

Sentar-se em uma cadeira de espaldar reto (mas a coluna vertebral não deve recostar-se) e sem braços;
A planta dos pés devem apoiar-se no solo;
Coluna ereta, abdômen recolhido, peito saliente, ombros para trás e descontraídos, queixo paralelo ao chão;
Mãos com as palmas voltadas para cima repousadas sobre as coxas, na junção desta com o abdômen para evitar a inclinação do corpo para frente.
Permanecer com o corpo estável e descontraído, inteiramente quieto, sem mover um único músculo.
Se houver algum incômodo, procure uma adaptação, dentro de um critério de bom senso.
Se possível, sente-se de frente para o Leste.

Posição dos Olhos

Pálpebras semicerradas ou completamente cerradas (o que melhor lhe convier)
Olhar dirigido para cima – como se você estivesse olhando para um ponto distante através de um orifício situado entre as duas sobrancelhas (Ajna Chakra ou Centro da Consciência Crística). Não force a visão para não envesgar os olhos; faça isto de forma natural.
Respiração – como exercício preliminar.

Procure respirar utilizando a seguinte técnica:

Inale vagarosa e profundamente (pelas narinas) – enquanto conta de 1 a 20;
Prenda a respiração – enquanto conta de 1 a 20;
Exale vagarosamente (pela boca) – enquanto conta de 1 a 20;

Se for necessário, poderá utilizar uma contagem menor, contanto que seja a mesma para cada uma das partes.

Repita de seis a doze vezes.


Inale e retese todo o seu corpo e cerrando os punhos.

Relaxe todas as partes do seu corpo de uma só vez – enquanto faz isto, exale todo o ar dos pulmões em dupla exalação: “hah, haaaaaah”.

Repita seis vezes.

Agora, deixe a respiração seguir normalmente, como na respiração comum.

Após esta sequência acima, os iogues praticantes, costumam praticar uma série de exercícios respiratórios denominados “Técnica de Hong-SO”, entretanto, não entraremos também neste mérito.

Lembre, a Consciência Divina é onipresente. Utilize, a partir deste momento, sua capacidade de visualização a fim de sintonizar sua Consciência com a Consciência Divina, meditando em algum aspecto da natureza infinita de Deus.

sábado, 11 de agosto de 2018

A CRIAÇÃO CÓSMICA


A CRIAÇÃO CÓSMICA

por Paramahansa Yogananda

Quando as fagulhas da criação cósmica se dispenderam de Teu seio flamejante, cantei no coro das luzes cantantes que anunciavam a chegada dos mundos. Sou uma fagulha do Teu fogo cósmico. Tu, oh Sol de Vida, conforme Te mostraste nos cálices mortais das mentes, transbordantes do líquido fundido de fagulhas de vitalidade, fostes aprisionado na dourada pequenez dos sentimentos humanos.

Em cada frágil e oscilante espelho de carne, vejo a inquieta dança do Teu poder onipresente. No palpitante lago de vida, contemplo Tua vida todo-poderosa.

Permite que igualmente a Cristo, por um mandamento de concentração, eu possa acalmar as tormentas dos desejos inquietos que dançam no límpido lago de minha mente. No lago sereno de minha alma amo contemplar Teu sereno rosto imperturbável. Rompe os limites da pequena onda de minha vida para que Tua imensidade se difunda sobre mim.

Faz-me sentir que meu coração está palpitando em Teu seio, e que caminhas através de meus pés, respiras através de meu alento, dirigindo a atividade de meus braços e as ondas de pensamentos do meu cérebro. Teus suspiros adormecidos despertam com o pranto de meus suspiros. Com Tua graça, as borbulhas de Tuas visões de criação flutuam na câmara de meu sonho ilusório.

É Tua vontade meteórica que cruza através dos céus de minha vontade. Me faz sentir que és Tu que te convertes em mim. Oh, me faz sentir que sou Tu mesmo, para que possa contemplar a pequena bolha do meu ser flutuando em Ti.

Autoconsciência ou Autopercepção





Imagine-se sentado em frente a alguma outra pessoa; você olha e vê a pessoa bem à sua frente! Pode tocá-la, se quiser, e senti-la. Você vê e sente a outra pessoa e sabe que aquilo existe, porém, não faz parte de você próprio. Você se sente um indivíduo completamente independente, embora não necessite tocar-se ou ver-se, para ter esta certeza.

Existe algo que lhe transmite, através de sua mente, a sensação de sua existência REAL. Algo que se distingue de tudo que o cerca. Muitas vezes, esta sensação de singularidade e de existência o distingue inclusive do seu próprio corpo: é a Autoconsciência do seu SER REAL.

A parte consciente do Eu Interior a todo instante está gritando a sua existência e a sua participação no dia a dia de cada um. Mesmo assim, costumamos não ligar a mínima importância, ou automaticamente seguimos alguma ordem, como um cego que segue o aviso de um eterno desconhecido, sem nem mesmo um gesto de agradecimento.

Se nós nos tornássemos autoconscientes deste mestre e amigo que somos nós próprios; se nos apercebêssemos, dia a dia, deste guia incansável e dessemos-lhe a mão, amigável e confiante, decerto que seguiríamos mais seguros e harmoniosos nesta curta e bela vida que Deus nos presenteou.

Hoje em dia, isto se faz extremamente necessário a muitas pessoas. Com frequência, concentramos nossa atenção em perseguir, com persuasão e vigor, certos recursos que tanto desejamos façam parte da nossa vida e, tão logo os obtemos, perdem o valor e o significado, o que denota a vacuidade diante de uma real necessidade. Isto é, precisamos fazer melhor uso da nossa percepção pelo que, verdadeiramente, nos trará felicidade. Aquilo que procuramos para preencher nossa vida, deve estar em harmonia como a nossa sensatez, pois do contrário, teremos um simples acúmulo de bens isolados que somente nos trarão responsabilidade, ao contrário de felicidade, desarmonia e não equilíbrio, deformidade no lugar da beleza.

Para manter as ideias e os ideais que temos na vida longe das incoerências, é necessário escutar, com maior assiduidade, aquela voz que nos fala de dentro. Para ouvi-la, sem as fortes interferências causadas pelas inquietações que aportam amiúde, devemos nos isolar, de vez enquanto, buscando um pouco de solidão. Retiremo-nos do mundo, por assim dizer, durante alguns minutos do dia. Ao ficarmos a sós com os nossos pensamentos, eliminamos da memória todas as experiências diárias, para somente recordarmos nossos sonhos e ideais mais queridos. Não apenas deles lembrarmos, mas sentirmos outra vez a emoção que resulta da visualização dos mesmos, funcionando como um estímulo para prosseguirmos. Ouçamos então, nestes momentos, a vozinha que fala ao nosso coração; que nos consola ou que nos autoriza; que nos apoia ou nos resguarda; mas, com certeza, sempre nos deixará convictos da segurança de que não seguiremos por caminho equivocado.

domingo, 5 de agosto de 2018

Receber Orientação Divina Através da Intuição.

Paramahansa Yogananda

Todos os filhos de Deus são dotados da mais alta inteligência: intuição, a sabedoria onisciente da alma.

Para progredir e evitar a miséria dos erros, você tem que descobrir o que é a verdade em tudo. Isso só é possível se você desenvolver sua intuição. Essa é a verdade prática do assunto. É por isso que estou lhe pedindo para cultivar e usar o poder intuitivo em tudo. Em seus relacionamentos com os outros, em seus negócios, em sua vida de casados, em todas as partes de sua vida, a intuição é essencial.

Medite até sentir que uma sensação de calma enche os recessos interiores do seu corpo - até que uma felicidade divina preencha os recessos interiores da alma - e a respiração se torna calma e quieta. Em seguida, concentre-se simultaneamente no ponto entre as sobrancelhas (Centro de Consciência de Cristo) e o coração. Por fim, peça a Deus para direcionar sua intuição, para que você saiba o que deve fazer a respeito de seus problemas.