Jesus veio ao mundo com a missão de nos salvar. Entretanto, não podemos confundir o conceito de salvar. Nos salvar do quê, ou de quem?
Para entender melhor esta proposta, temos que aceitar uma nova sugestão, a qual consiste na ideia da dualidade do Ser. O homem matéria e o homem espírito.
O homem matéria, constituído pelo próprio corpo físico, feito de matéria terrestre, com o intuito de se expressar nesta dimensão material, proporcionando, por conseguinte, a possibilidade das ações e interações com o meio ambiente.
O homem espírito, que situa-se além do ambiente físico, entretanto, vê-se fortemente vinculado ao corpo físico, com o qual troca ininterruptamente, sensações, energias, estímulos, etc.
O homem espírito necessita inexoravelmente do corpo físico para expressar-se nesse ambiente e, assim, poder assimilar todas as sensações provenientes do mundo material para seu próprio progresso.
O homem físico necessita do alimento material e espiritual salubreis, para manter-se sadio e, por consequência, obtenha uma vida salutar, sem doenças, com todos seus órgãos funcionando em equilíbrio, assim como todos os seus sentidos: visão, audição, tato e paladar. Esta plenitude, estabelece um relacionamento apropriado entre o corpo material e o corpo espiritual, onde a troca de energias e sensações se darão de forma mais plena.
A ligação do espírito com o mundo material exige a formação de diversos níveis energéticos, os quais estabelecem suaves fronteiras entre os dois mundos – o material e o espiritual. De forma simplória, costumamos definir tais níveis como sendo: o objetivo ou consciente, o subjetivo ou subconsciente e o superconsciente.
Cada um destes níveis representa um verdadeiro universo, com todas as leis necessárias para sua existência e seus respectivos relacionamentos. Assim, o mundo objetivo, correspondente ao mundo físico, mantém relacionamento com o homem físico, proporcionando a vida física onipresente; o mundo subjetivo, ou mundo dos sonhos, é o ambiente das ilusões e proporciona ao ser, quando dentro dos seus domínios, um universo onde tudo é possível e realizável, porém, sumamente transitório; o mundo da superconsciência, corresponde ao verdadeiro mundo espiritual, é o reino do espírito, onde não existem ilusões, mas a verdade absoluta governada por leis divinas.
O Homem Total, na verdade, reside nestes três universos, ou seja, o Ser no Universo Físico, pelo uso do seu corpo material; o Ser no Universo do Subconsciente através do seu corpo mental; e o Ser no Universo Espiritual, através do seu Espírito.
O Espírito, não se vincula ao corpo humano por mero acaso. Ele necessita da vivência do mundo material para seu próprio progresso, e a adquire graças ao poder de expressão no corpo físico, quando experimenta as emoções; as atitudes, e todas as formas de energias dali provenientes.
O Espírito busca no Ser a energia que somente ali pode ser encontrada, para seu crescimento e purificação Universal. Portanto, a Suprema Inteligência Universal procura dotar este Ser de todas as possibilidades para propiciar ao Espírito tão ensejado alimento.
Este relacionamento seria perfeito e, por consequência, estaríamos mais próximos de Deus, não fossem as forças contrárias, degradantes, originárias dos planos físico e mental, tais como egoísmo, orgulho, inveja, ciúme, tristeza, raiva, desesperança, e tantos outros, que desagregam e poluem o fluxo energético entre o Espiritual e o Material, criando distorções de toda ordem e, por isso, afastando-os do objetivo verdadeiro.
Dentre as forças degradantes, devemos enfatizar o egoismo, que na sua forma exacerbada, se constitui em uma das maiores forças negativas que afligem a humanidade. Tal sentimento é capaz de bloquear quase de forma total o fluxo de energia proveniente das esferas espirituais, impedindo que o Espírito no homem se manifeste de forma adequada.
Mas, como combater uma força de tamanha magnitude?
Existem diversas técnicas que podem ser aplicadas, mas todas exigem principalmente que seu pensamento gire em torno de viver no mundo, mas não pertencer a ele.
Para que seja recuperada a capacidade de relacionamento do Ser Humano com seu Universo Espiritual, deverão ser combatidas cada uma das negatividades até a extinção total.
A espiritualidade, incansavelmente, nos tem orientado neste sentido. Utilizando as formas mais diversas, através dos séculos. Nos tempos presentes, esta ajuda nos chega de forma cada vez mais clara e objetiva. O Livro dos Espíritos é, sobretudo, a mais contundente.
Não foi por casualidade que o Mestre Jesus resolveu nos visitar pessoalmente; nos transmitir face a face, palavra por palavra, a maneira correta de combater estes males e estar em harmonia com o Criador.
Jesus, não somente nos deu as fórmulas, como providenciou para que elas não se perdessem na posteridade. A Sua inteligência e conhecimento, que provinham diretamente de Deus, O iluminavam sem interrupção e dirigiam seus atos e palavras para que sua missão se cumprisse plenamente.
Jesus não veio ao Plano da Matéria para salvar nosso corpo material, pois este não necessita, visto ser transitório e sem significância por si só; não veio para salvar nosso Espírito, pois este é imortal, indestrutível e puro por natureza.
Jesus veio para salvar o relacionamento entre as condições humana e espiritual do Ser, expurgando deste canal todas as impurezas que pudessem distorcer ou poluir as informações que por ele transitam.
Conhecendo a restrição do tempo que possuía, e as dificuldades que se apresentariam no seu caminho pelas forças adversas, na tentativa de embargar sua missão, Jesus não se intimidou, mas imediatamente passou a executar seu propósito, reunindo pessoas que julgava estarem aptas para absorverem o conhecimento das verdades que seriam desveladas.
“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.” ( Lucas 14:26)
Se trocamos a palavra “aborrecer” pela palavra “desapegar”, poderemos entender mais claramente o significado do ensinamento para os dias atuais.
“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” ( Lucas 14:33)
Estes dois versículos, evidenciam claramente o intuito principal da preferência de Jesus no arrebanhar dos seus discípulos – a abnegação e humildade. Aqueles que não se enquadravam nestas advertências, certamente não teriam as condições mínimas para absorverem os ensinamentos que teriam que repassar no futuro, pois estariam mais preocupados com a família ou os bens materiais, ficando impossibilitados da condição de concentrarem-se em assuntos espirituais e, sobretudo, estarem sujeitos ao sofrimento da perseguição religiosa que viria posteriormente:
“E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.” ( Lucas 14:27)
Este versículo esclarece este último detalhe.
Jesus, ao longo de toda sua missão, empregou a Lei de Providência, assim como outras leis às quais sempre atribuía como Leis Universais. Quando Ele afirmava:
“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?
Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,
Dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. “
(Lucas 14:28-30)
Ensinava de maneira clara que aquele que enseja concluir a obra que houvesse iniciado, deve proceder, a priori, de forma inequívoca, a programação da mesma.
Assim, devemos sempre proceder em todos nossos atos, durante toda nossa vida. O combate às forças reguladoras e deturpadoras da comunicação Homem versus Espírito, deve ser feito diariamente, de forma ininterrupta, pois que estamos constantemente sendo bombardeados pelas energias negativas que nos atingem, provenientes das mais diversas origens. A expressão: “Orai e Vigiai” representa toda a cautela que devemos ter contra estes inimigos invisíveis dos quais, quase sempre não damos a devida importância.
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