Simplesmente
Profundo
Quando
lemos, mesmo de forma rápida, nas escrituras, as passagens em que o
Mestre Jesus transmite alguns dos seus ensinamentos, logo percebemos
a simplicidade característica de suas palavras. Com um pouco mais de
atenção no que está sendo dito, poderemos captar que nesta
simplicidade existe uma conotação de amor, respeito e humildade a
todos a quem se dirige. Se, além da atenção mais focada,
meditarmos com profundidade sobre as mesmas palavras, comungando com
o Amado Mestre no que Ele realmente desejava transmitir, poderemos
observar o abarcamento de tal ensinamento; a sabedoria ali contida;
a abrangência na nossa vida, sempre nos direcionando de forma
inequívoca, ao bom relacionamento com Deus.
Estas
expressões e afirmações através de parábolas, sermões ou pelas
palavras triviais, nunca deixam de trazer no seu conteúdo a extrema
sabedoria de um Mestre, demonstrando inequivocamente tratar-se de um
espírito de grandeza ímpar, em perfeita harmonia com a Inteligência
Cósmica. Jesus busca sempre, na expressão mais simples, a
demonstração das coisas mais profundas; atitude que confirma o alto
grau de sabedoria de que é possuidor, e a coerência naquilo que
prega. Lógica com as leis naturais onde percebemos que nem sempre o
mais complexo é o mais importante. Na natureza, a água, por
exemplo, é um dos mais preciosos bens, e possui uma composição das
mais simples (H2O). Na física, a fórmula que sugere o mais alto
grau de entendimento, a lei da relatividade, também mostra sua
simplicidade: E=mc2. Assim, costuma ser por todo universo.
Jesus,
na missão a que se propunha, ou seja, ensinar ao homem como se
conectar com seu Criador, resumiu as dez leis que regiam este
relacionamento, em apenas duas: Primeiro, amar a Deus acima de tudo
e, segundo, amar ao próximo como a si mesmo. Mostra-nos que, na
verdade, a única chave necessária para se viver em Harmonia Cósmica
é o amor – amor a Deus e Amor ao Próximo.
Cabe
aqui uma observação. Na verdade, poderíamos resumir as duas leis
de amor a somente uma – a primeira, visto que, se amamos a Deus de
forma absoluta, não podemos deixar de amar nosso próximo, pois está
implícito que “nosso próximo” é Deus. O Mestre nos informa:
“Vós sois deuses!”, querendo dizer com isto que somos “como
deuses” pois fomos feitos à Sua semelhança e, como tal, somos UM.
Mais
ainda, quando falamos em amar ao próximo, temos que entender “quem”
ou “o que” é nosso próximo. Muitos haverão de considerar que
“nosso próximo” é outro ser humano, a nossa semelhança, que se
encontra em nosso entorno. Entretanto, devemos considerar como “nosso
próximo” toda criatura de Deus, ou seja, tudo que existe neste ou
em outros universos, nesta ou em outras dimensões. Tudo que existe é
criatura de Deus, assim como nós mesmos, e devem portanto serem
amados como dito na primeira lei.
Jesus,
no entanto, para simplificar e não atormentar a mentalidade daqueles
a quem se reportava a sua época, por respeito e amor, preferiu,
sabiamente, recitar a duas leis. Seus métodos de ensino priorizavam
a suavidade (“meu fardo é leve!”), o amor e o respeito ao grau
de receptividade dos seus escolhidos.
Nas
parábolas, utilizava o recurso das historinhas, suaves e atraentes
para, subliminarmente, transferir-lhes algo de profunda sabedoria.
Esta técnica, de caráter tão complexo, principalmente naquela
remota época em que foi utilizada, foi executada eximiamente
pelo Mestre aos seus
discípulos.
Como
exemplo, citemos a parábola dos assentos:
“Quando
alguém o convidar para um banquete de casamento, não ocupe o lugar
de honra, pois pode ser que tenha sido convidado alguém de maior
honra do que você.” (Lucas 14:8)
“Se
for assim, aquele convidou os dois virá de dirá: ‘Dê o lugar a
este’. Então, humilhado, você precisará ocupar o lugar menos
importante”. (Lucas 14:9)
“Mas
quando você for convidado, ocupe o lugar menos importante, de forma
que, quando vier aquele que o convidou, dirá: ‘Amigo, passe para
um lugar mais importante’. Então, terás honra diante de todos os
que estiverem contigo à mesa”. (Lucas, 14:10
“Pois
todo que se exalta será humilhado, e o que se humilha será
exaltado”. (Lucas 14:11)
À
primeira vista, temos a ideia de algo como um conselho simples que
poderia vir de um amigo; do pai ao filho; de um irmão mais velho; de
um guru ao seu discípulo: “Não haja dessa forma porque você
poderá sofrer as consequências físicas e morais que o colocarão
em situação incômoda e desagradável” - diriam.
Assim
se parecerá o ensinamento àquele que apenas o lê, sem preocupar-se
em aprofundar na sua abrangência. Mas, quando meditamos sobre esta
passagem, por horas, ou por dias, analisando com cuidado as
consequências sobre nossa vida, visualizamos seu vasto alcance.
A
humildade é aqui colocada de forma categórica para deixar bem
marcada sua importância como meio de relacionamento espiritual com
Deus. A humildade proporciona o relaxamento do EGO, o que afrouxa os
laços materiais e reforça os espirituais.
Aquele
que cultiva essa virtude, percebe com maior clareza os valores de
suas necessidades materiais e espirituais e, em função disto,
possui maior capacidade para fugir das ilusões do mundo da matéria.
A estes, o grau de importância do assento que tomam, desconsiderando
sua relativa posição, será sempre a mesma, equivalente à posição
mais honrosa, porque sabem que Deus, o Eterno Anfitrião, está
sentado ao seu lado.